Se você está acompanhando as últimas notícias internacionais, com certeza já ouviu falar sobre a crise argentina. Nosso vizinho do Mercosul passa por um mau momento econômico, o que afeta todos os negócios que envolvem o país, incluindo o Brasil.
Como a crise impacta até mesmo a cotação do dólar na Argentina, qualquer negócio internacional feito pelo país sofre diretamente. E pelo fato do peso estar muito desvalorizado, as importações e exportações feitas com a moeda argentina se tornam mais complexas de realizar.
A seguir, entenda a crise econômica na Argentina e como os negócios internacionais são afetados pela crise!
O que está acontecendo com a economia argentina?
A atual situação na Argentina pode ser explicada por uma extensa série de escolhas econômicas questionáveis, mau uso do dinheiro público e aumento da dívida com o FMI.
Com isso, separamos 5 pontos históricos para você compreender como a Argentina chegou a esta situação!
1 – Inflação alta
Atualmente, a inflação na Argentina está em 113,4%. Por conta disso, os produtos estão consideravelmente mais caros, não há nenhum tipo de estabilidade econômica e o mercado internacional não deposita confiança no país como bom credor.
Esta situação torna o ambiente conturbado, propiciando medidas mais extremas para conter a crise. Muitas vezes, isso é um fator de descontentamento na população, o que torna o controle da inflação mais difícil de realizar.
2 – Necessidade de empréstimos com o FMI
Na década de 90, a Argentina passava por uma hiperinflação e adotou a mesma medida que o Brasil para conter a crise. Criou o Plano Cavallo, que instituiu a paridade entre o peso e o real.
O plano deu certo, baixou a inflação e o PIB começou a crescer. Mas isso encareceu os produtos argentinos no mercado externo e diminuiu a entrada de dólares na Argentina.
Desta forma, o país precisou fazer reservas de dólares para manter a paridade com o peso. Isso exigiu muitos empréstimos para o FMI, o que fez com que a dívida externa aumentasse e se tornasse um débito difícil de ser pago. Toda esta situação colaborou para que a situação financeira da Argentina começasse a se agravar.
3 – Dívida externa alta
A sucessão de empréstimos fez a dívida externa saltar de US$62,2 bilhões em 1989 para US$132 bilhões em 2001. Isso aconteceu porque, na década de 90, dois episódios mundiais afetaram diretamente a economia argentina.
O primeiro foi a crise asiática, em 1997, que fez com que o FMI aumentasse os juros dos empréstimos para evitar a quebra da economia mundial. O segundo foi a crise econômica brasileira, que fez o Brasil, principal parceiro comercial da Argentina, reduzir drasticamente o volume de importações.
Desta forma, a Argentina precisou contrair dívidas altas com a entrada de capital muito reduzida, o que fez o país mergulhar em uma situação financeira delicada.
Hoje, o valor da dívida externa da Argentina é de US$275 bilhões.
4 – Empobrecimento da população
Em contrapartida, essa situação levou ao empobrecimento da população – que teve seu poder de compra diminuído de forma considerável. Com a população consumindo menos, a Argentina entrou em processo de deflação, ou seja, queda de preços.
Esse cenário ficou ainda pior para a população quando o governo de Fernando De La Rúa congelou poupanças e impôs limites semanais para a retirada de dinheiro. A revolta dos argentinos com tais atitudes levou à renúncia do presidente, em dezembro de 2001.
5 – Crise a moratória do FMI
No início dos anos 2000, as dívidas da Argentina no FMI tiveram prazo de vencimento prorrogado, o que causou a reestruturação da dívida do país.
Porém, isso fez com que a Argentina nunca conseguisse quitar de vez a dívida com o FMI. Ao longo dos anos 2000, todos os presidentes tentaram implementar políticas econômicas de contenção, mas sempre sem sucesso.
Hoje, a Argentina vem de um novo agravamento da situação econômica após o presidente Alberto Fernández imprimir dinheiro para tentar conter a crise. Porém, isso apenas fez com que a inflação aumentasse e deixasse a economia argentina ainda mais instável.
Como a crise argentina impacta os negócios internacionais?
1 – Menor capacidade de importação
Com peso desvalorizado e economia instável, a Argentina se tornou um aliado comercial difícil de confiar. Apesar das exportações estarem em alta, pois o produto argentino está mais barato para adquirir – e, em contrapartida, interessa ao país vender – para atrair dólares, as importações se tornaram um problema.
Como eles retém muitos dólares em sua reserva, não possuem capital o suficiente para realizar importações ou sequer honrar compromissos já feitos. Isso é altamente preocupante para os principais parceiros comerciais, dentre eles, o Brasil.
Sem a entrada de pesos argentinos, o Brasil vê sua política de exportações comprometida. Como de costume, o país reserva parte das suas produções para serem negociadas com determinados parceiros internacionais. Sem essa demanda, nosso país não pode contar com a entrada de dólar vindo dessas negociações.
É o caso do mercado automotivo. O Brasil é um dos principais exportadores de veículos e autopeças para a Argentina. Sem dólares para manter as negociações e com o poder de compra argentino reduzido, o setor vê o movimento drasticamente diminuído para o país vizinho, vendo as consequências refletindo no fluxo de caixa.
2 – Crescimento da China como parceiro comercial
Ainda, um fator de perigo, principalmente para o Brasil, é o crescimento da presença da China nas negociações argentinas. O gigante asiático é o principal importador da Argentina – depois, vem o Brasil.
Como a Argentina precisa da entrada de dólares nas suas reservas, ganhará mais espaço comercial com quem oferecer melhores possibilidades de fornecimento da moeda. E, como a China possui uma capacidade de crédito muito superior ao Brasil, é possível que o país fortaleça sua relação comercial com os hermanos ao oferecer ajuda cambial.
A Argentina é uma das principais responsáveis por manter nosso fluxo de caixa ativo. Perder parte desse protagonismo afetaria drasticamente nossa economia.
Porém, o fato da China ser um importante parceiro comercial também do Brasil cria uma sensação de esperança. A impressão de especialistas é que o país asiático não tomaria nenhuma atitude que pudesse prejudicar a economia brasileira, ou tomaria medidas ao nosso favor em um momento de enfraquecimento econômico.
3 – Situação delicada para empresas que atuam na Argentina
Devido às facilidades econômicas proporcionadas pelo Mercosul, muitas empresas brasileiras têm um braço de atuação no país vizinho. Essas organizações sentem um impacto muito maior da crise argentina, visto que possuem operações locais e, em muitos casos, negociam em peso.
Por conta da moeda estar desvalorizada, operar na Argentina se torna muito mais custoso. As matérias-primas ficam mais caras, a conversão do peso para o real desvaloriza a moeda local e as negociações com o exterior se tornam mais complicadas.
Além disso, muitos empresários sentem dificuldade de firmar parcerias atuando na nação vizinha. Como o mercado internacional está receoso com a situação econômica do país, não há muita confiança de investir lá. Há o temor de que a situação se agrave e muitas empresas decretem falência, gerando prejuízo para seus investidores.
O que está acontecendo com a economia argentina é grave e precisa ser monitorado constantemente. E se sua empresa possui atuação internacional, você precisa conversar com um especialista da CPX Capital para ter orientação diante deste cenário.
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