Novo marco cambial: entenda o que muda com a nova lei

Atualmente, o comércio exterior no Brasil é regulado por um novo marco cambial. Estabelecida por lei, em dezembro de 2022, a nova regulação impacta todas as operações envolvendo circulação de moeda estrangeira dentro e fora do país. Isso inclui mercadorias, investimentos e remessas internacionais.

Sendo assim, a medida gera consequências não apenas as empresas que trabalham com importações e exportações, mas também as pessoas físicas que planejam viagens internacionais ou precisam transferir dinheiro no exterior.

Como resultado, a expectativa é que o novo marco cambial simplifique as operações financeiras internacionais, o que fortalece as negociações comerciais do Brasil com outros países.

Por isso, é importante entender como as mudanças do novo marco cambial influenciam no planejamento financeiro do seu negócio.

Afinal, o que é o novo marco cambial?

Aprovado pelo Senado em 2021, o novo marco cambial é uma atualização da legislação brasileira, que tem como finalidade adaptar algumas regras à realidade atual.

Justamente por isso, as normas da nova regulação estão alinhadas com a dos países membros da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Um ano depois de sancionado, o novo marco fiscal entrou em vigor, possibilitando investimento internacional por parte de instituições financeiras e simplificando as regras cambiais para pessoas físicas.

Como funcionava antes?

Anteriormente, o marco cambial tinha regras muito burocráticas para transações internacionais. Isso tornava a circulação da moeda brasileira mais difícil ao redor do mundo, tanto para pessoas físicas quanto para empresas. 

Afinal, a regulação anterior se baseava em um texto proposto em 1920. Nesse meio tempo, a lei sofreu alterações, mas, ainda assim, não era compatível com as constantes mudanças das últimas décadas.

Um exemplo é que,  em 1994, a regulação anterior determinou que cada brasileiro poderia sair do país com uma quantia equivalente a R$10 mil. Mas, considerando as flutuações da inflação ao longo dos anos, foi preciso rever este valor. 

Agora, no novo marco cambial, os brasileiros podem portar até US$10 mil. Na prática, o valor não é maior, mas sim equivalente à proporção entre real e dólar. Além disso, o limite proposto também é aplicado em outros países, como os Estados Unidos.

O que muda no novo marco cambial?

Além da alteração no valor do porte de dinheiro em viagens internacionais, o novo marco cambial também trouxe mudanças nos seguintes pontos:

Transações entre pessoas físicas

Imagine que você fez uma viagem e trocou mais dinheiro do que precisava. De acordo com o novo marco cambial, você pode vender essa quantia diretamente para outra pessoa, sem intermédio de uma instituição de câmbio. Embora essa seja uma prática comum, a antiga regulação a considerava uma contravenção. Agora, ela está autorizada desde que não ultrapasse o limite de US$500.

Investimento no exterior

Segundo o novo marco cambial, bancos e instituições financeiras podem captar recursos no Brasil e investi-los no exterior. Essa medida incentiva a circulação da moeda brasileira em operações internacionais e funciona como um incentivo para importação de produtos brasileiros. No entanto, o Banco Central continuará regulando as contas estrangeiras em território nacional.

Pagamento em moeda estrangeira

Ainda nesse contexto, a nova regulação abriu exceções para o pagamento de contas no Brasil com o uso de moedas estrangeiras. Operações como arrendamento mercantil (para empresas brasileiras) e exportação indireta (fornecedores internacionais), estão permitidas por lei. Além disso, residentes brasileiros em outros países também terão acesso facilitado às remessas internacionais.

Contas em dólar no Brasil

O novo marco permite que instituições financeiras operem pagamentos em dólar nas contas mantidas no Brasil. Esse benefício era exclusividade de corretoras e operadoras de turismo, mas agora é possível fazer isso através de parcerias com bancos internacionais. Ou seja, as instituições financeiras podem abrir contas em outras moedas, o que contribui para o desenvolvimento da economia.

Regulação do Banco Central

Outra mudança com a nova regulação é a centralidade do Banco Central, que passa a regular operações de câmbio, fiscalizar corretoras de câmbio e de bolsa, além de intermediar contratos futuros que envolvam transações internacionais.

Novo março cambial: prós e contras 

A partir da redução das burocracias nas transações internacionais, o custo operacional para quem atua no mercado de câmbio também tende a ser menor. Por isso, é provável que novos serviços sejam ofertados por fintechs e instituições financeiras para o consumidor final. 

Ou seja, isso pode reduzir os custos de transações para as pessoas físicas e jurídicas que dependem delas. Sendo assim, com esse fluxo facilitado, a economia brasileira tem caminho livre para se desenvolver e ampliar a presença internacional.

Por outro lado, em momentos de incerteza —  como em casos de inflação flutuante —  esse fluxo também pode sofrer com instabilidades, desestimulando o investimento na moeda local e destacando o dólar como alternativa segura. 

De toda forma, o novo marco cambial exigirá adaptações e atualizações constantes ao longo do tempo para que cumpra o propósito de posicionar o Brasil como agente forte no mercado internacional.

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